Encontro Estadual da Rede de Feiras Agroecológicas e Solidárias do Ceará aborda a importância de um sistema alimentar saudável e justo

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O evento contou com mais de 100 participantes, com presença massiva de agricultoras e agricultores do Sertão Central, Sobral e Vale do Curu/Litoral Oeste

Por Alice Sousa

Nos dias 23 e 24 de outubro, o CETRA realizou em Quixeramobim o Encontro da Rede de Feiras Agroecológicas e Solidárias do Ceará. O evento contou com mais de 100 participantes, incluindo juventude, agricultores e agricultoras e feirantes, para debater sistemas alimentares saudáveis e justos. 

A Rede de Feiras foi criada em 2009 e, atualmente, é composta por 17 feiras e conta com 150 feirantes nos territórios do Sertão Central, Vale do Curu/Litoral Oeste, Sobral e Fortaleza, realizada mensalmente na sede do CETRA. 

O evento contou com uma mesa de diálogos com uma representante da feira de cada região e mediação da coordenadora-geral do CETRA, Neila Santos. Em seguida, a assistente social, mestra em antropologia social e assessora da Fase – Solidariedade e Educação, Maria Emília Pacheco, apresentou uma palestra sobre Sistemas Alimentares Saudáveis e Justos. Maria Emília é uma das fundadoras da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) e ex-presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea).  

A antropóloga reafirma a importância na produção das culturas alimentares locais e a luta de resistência na memória pelo direito a uma comida de verdade.

“A organização em rede é fundamental. Ela expressa uma articulação coletiva que reflete uma dinâmica da produção da comida de verdade que é destinada a estas feiras em vários municípios”, explica Maria Emília. 

Emília explica que essa dinâmica da produção e venda dos produtos na feira também é uma resposta de impacto positivo à crise climática, visto que os resultados das feiras alimentam a produção de alimentos e as experiências estão baseadas nos sistemas agroflorestais articulados com as tecnologias sociais e são adaptadas à convivência com o semiárido.

No início do evento, cada território montou uma parte da mandala disposta no local com produtos de cada território produzidos nos sistemas agroflorestais e quintais dos agricultores e agricultoras presentes. O evento foi uma oportunidade de troca de experiências e discussão sobre o contexto de cada região. Desde a disponibilidade de água até as estratégias individuais de cada um para expandir o escoamento da produção familiar. 

Durante o evento, o público foi dividido em cinco turmas que participaram de um intercâmbio em cinco experiências produtivas exitosas em quintais agroecológicos, sistemas agroflorestais e cooperativas. No dia seguinte, cada grupo socializou as experiências apreendidas em cada local. 

Por um sistema alimentar saudável e justo 

A presença da juventude foi um dos destaques do evento, além da riqueza na variedade de produções. O Grupo Balanço do Coqueiro esteve presente animando a ocasião. Para Lana Almeida, aluna da Escola Família Agrícola do Sertão Central Danilo Almeida que participou do encontro, é fundamental a juventude participar dessas discussões porque o olhar do jovem é diferente.

“Podemos mostrar que no campo é possível ser feliz, é possível ter dinheiro, participar de evento, se formar, como é o meu caso, que estou me formando em técnico em agropecuária”, celebra a jovem que também é filha da coordenadora da Rede de Agricultoras e Agricultores Agroecológicos do Sertão Central, Lourdizete Almeida. 

A coordenadora-geral do CETRA, Neila Santos, explica que as feiras da Rede perpassam por todas as etapas do sistema alimentar, desde a produção até o consumo. “Cada feira, cada território tem sua proposta e identidade, o que possibilita a produção, distribuição e consumo, agregando características relacionadas aos saberes e à cultura alimentar de cada região”, reforça. 

O encontro marcou a culminância do projeto Comida de Verdade – Feiras Agroecológicas e Solidárias, realizado nos últimos dois anos pelo CETRA e Rede de Férias em parceria com a Aliança Pela Inclusão Produtiva (AIPÊ). Dentro da iniciativa, as agricultoras e agricultores feirantes participaram de intercâmbios, formações sobre rotulagem, precificação e diversos outros espaços de fortalecimento.

O Encontro contou com o apoio da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural – ANATER e Redes Territoriais de Agroecologia. Além de contar com parcerias de grande importância, como o Fórum Cearense pela Vida no Semiárido, o Instituto Antônio Conselheiro (IAC), a COOPERASC e a Casa de Antônio Conselheiro.

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