Agroecologia e Justiça Climática: construindo territórios saudáveis e resilientes foi o tema da 14ª Edição do ETA em Itapipoca

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Encontro Territorial de Agroecologia e Socioeconomia Solidária – ETA retoma após sete anos sem evento 

Por Leonardo Reis

Fotos: Rose Serafim

Juntos/as pela agroecologia e em busca de justiça climática, moveram o 14º Encontro de Agroecologia e Socioeconomia Solidária – ETA, com mais de 150 agricultores e agricultores reunidos/as dos três territórios atendidos pela CETRA (Vale do Curu e Litoral Oeste, Sertão Central e Sobral). O encontro foi realizado na sede da UAB em Itapipoca nos dias 9 e 10 de abril, com o tema: Agroecologia e Justiça Climática: construindo territórios saudáveis e resilientes. 

“O ETA é um encontro que também anima as pessoas a voltarem para os seus territórios e multiplicarem seus conhecimentos”, comenta de forma entusiasmada, Flávia Cavalcante, coordenadora de projetos do CETRA no território Vale do Curu e Litoral Oeste.

Com sete anos desde a última edição, o 14º ETA discutiu temas atuais, moveu comunidades e realizou troca de experiências em dois dias de evento. No encontro aconteceram plenárias, intercâmbios de experiências, terreiro de inovações, feira agroecologia e noite cultural. Foi um momento potente e rico de troca de saberes, fortalecimento de lutas e conhecimentos populares.

“A retomada do ETA no território Vale do Curu e Litoral Oeste, também é um espaço de reanimação de agricultores/as nesse território, é também de retomada das discussões de incidência politica da agroecologia das diversas políticas públicas que estão no contexto brasileiro”, comenta a coordenadora geral do CETRA, Neila Santos.

No primeiro dia de ETA, os/as agricultores/as foram recebidos/as com um café da manhã agroecológico feito das doações dos/as próprios/as agricultores/as, junto a Feira Agroecológica e Solidária de Itapipoca, que acontece na praça do Cafta, centro de Itapipoca. Em seguida aconteceu a plenária com o tema: Agroecologia e Justiça Climática: construindo territórios saudáveis e resilientes, onde tiveram falas de representantes, Ezequiel Tremembé da comunidade indígena Tremembé da Barra do Mundaú, Zélia Sales da Rede de Agricultores/as Agroecológicos/as e Solidários/as do Vale do Curu e Litoral Oeste e Letícia Tura da Fase e do GT Justiça Climática e Agroecologia da Articulação Nacional de Agroecologia – ANA.  

Letícia Tura comenta sobre agroecologia e a importância de debater justiça climática em um encontro como esse, “a agroecologia promove justiça climática porque, além de propor outra forma de lidar com a natureza, de produzir com menos agrotóxico em convívio com a natureza, ela também promove relações mais igualitárias entre homem e mulheres, combate o racismo, promove a distribuição de renda e propõe outra sociedade mais saudável e mais justa”.

No período da tarde, tivemos um grande momento de troca de experiências entre os/as participantes do ETA. Foram seis intercâmbios de experiências distribuídos no território: Agrofloresta e beneficiamento – Batalha – Trairi; Luta pelo território Povos Indígenas – Povo Tremembé da Barra do Mundaú – Itapipoca; Convivência com o Semiárido – Lagoa da Cruz – Itapipoca; Mulheres e agroecologia – Sítio Coqueiro – Itapipoca; Juventudes e Educação Contextualizada – Escola do Campo Nazaré Flor – Itapipoca e Mandala – Comunidade Mulungu – Tururu.

“No intercâmbio achei maravilhoso, foi mais um aprendizado para eu levar para minha comunidade, para o meu SAF (Sistema Agroflorestal), esse momento veio para nos fortalecer”, comenta a agricultora, Regina Rodrigues da comunidade do Sítio Areias em Sobral, sobre sua experiência no intercâmbio.

“Era um sonho que eu tinha de conhecer e a recepção foi maravilhosa, ouvir as histórias daquele povo foi muito bom”, comenta de forma feliz de sua experiência de intercâmbio no Povo Tremembé da Barra do Mandaú, Maria das Graças, feirante e assentada do Novo Horizonte em Tururu.

O dia se encerrou em uma comemoração com muito forró, dança e comida na sede do CETRA em Itapipoca. Esse foi um momento de interação entre os territórios bastante animado e puderam conhecer um pouco do espaço. 

No segundo dia de encontro, iniciamos com o Terreiro de Inovações que aconteceu em três salas da UAB, foram oito experiências, distribuídas dos três territórios: Joel e Patricia Tremembé – Cultura Indígena e Acesso à água; Aleurene – Convivência com Semiárido – cisterna de calçadão; Rede de Feiras Agroecológicas e Solidárias do Ceará – Rojane Santos e Fafá; Feira de Paracuru – Comercialização – Iran e Zélia; Casa de Sementes/ RIS – Cáritas; Dona Graça – Construir saúde – MST; Sertão Central – Agrofloresta – Luordizete e Sobral – Quintal produtivo – Dona Lúcia – Sítio São Mateus. Esse momento foi para os/as participantes circularem entre as experiências e realizar essa troca de conhecimento entre as comunidades e territórios. 

“Já são vários ETAs, está sendo muito gratificante, as experiências são ótimas, as parcerias, o companheirismo, nós enquanto CETRA e comunidade, nos tornamos uma família imensa, com o aprendizado de cada dia que levamos para nossas comunidades”, comenta a agricultora e feirante, Maria de Lourdes do Assentamento Boa Vista em Quixadá.

Na plenária das mulheres que aconteceu no segundo dia, teve como tema: Mulheres e Justiça Climática, o que as mulheres têm a falar sobre isso?. Foi um momento potente e repleto de falas de mulheres que motivaram muitas delas a falarem sobre a influência das mudanças climáticas no dia a dia de cada uma. Na plenária, contamos com a presença da Fernanda Savisck da Fiocruz-CE que falou sobre saúde dos territórios que devem ser desenvolvida pelas próprias pessoas dos territórios. “Antes de tudo, para ter saúde, nossos territórios precisam estar livres, livre de doenças, agrotóxicos, mineração e que discuta sobre energias da forma que tem que ser discutida. A gente precisa falar sobre questões maiores, sobre a reforma agrária popular, sobre direito à água e as sementes”, comenta Fernanda.

Em paralelo à plenária das mulheres, aconteceu um momento com os homens, onde tiveram uma dinâmica para discutir questões de comunicação, coletividade, disputa, competitividade, cooperação e relações rede. Para o encerramento do 14º ETA, as mulheres recebem os homens com a campanha da Divisão Justa do Trabalho Doméstico, como maneira de reforçar que homens e mulheres devem dividir de forma justa todo o trabalho doméstico e que não sobrecarreguem apenas as mulheres nessa atividade.

“O ETA para o CETRA é um espaço de troca, extremamente importante para o processo de construção metodológica de conhecimento entre agricultores/as e entre técnicos/as, é um processo de formação política”, reforça Neila Santos. 

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