A experiência das oficinas de ciranda como promoção de reforço à existência e extensão da juventude Tremembé

Em 2022, nasce o Projeto Território e Vida Tremembé, apoiado pela Manos Unidas. Ele tem um objetivo nobre: promover a qualidade de vida do povo indígena Tremembé em Itapipoca (CE) e Acaraú (CE), favorecendo a segurança alimentar e nutricional e a autonomia das famílias chefiadas por mulheres, a partir do acesso a tecnologias de convivência com o Semiárido com base na agroecologia, tendo em vista a justiça de gênero e o bem viver no campo.
O projeto envolve a população indígena da Barra do Mundaú e de Queimadas, beneficiando diretamente 58 famílias indígenas Tremembé chefiadas por mulheres com fogões ecológicos e indiretamente 777 indígenas. Além disso, foram realizadas programações com a juventude Tremembé, a fim de reforçar as identidades locais e identitárias das crianças do território.

Durante as formações, foi observado que o espaço ocupado pelas mulheres era muito restrito, uma vez que elas mencionaram que suas responsabilidades eram voltadas principalmente para o lar e para os filhos. Com isso em mente, surgiu a ideia de criar um local de acolhimento para as crianças, permitindo que essas mulheres pudessem participar ativamente e ter um papel de destaque nas formações. A oficina de ciranda então foi criada como uma solução para esse problema, garantindo que suas crianças estivessem em um ambiente seguro e confortável, com uma equipe dedicada a cuidá-las e oferecer atividades enquanto suas mães participavam das atividades.
Nessa perspectiva, a oficina, explora a linguagem corporal por meio de práticas de recreação, brincadeiras, danças e jogos, a fim de desenvolver reflexões em base didático-pedagógicas de forma participativa e dialógica que contribua para a inclusão de novos conhecimentos, favorecendo assim a participação efetiva e integral das mulheres beneficiadas pelo Projeto, já que elas teriam a certeza de que seus filhos e filhas estariam em um ambiente seguro, enquanto elas participavam das formações.
Mas o melhor de tudo é que as tradições culturais foram resgatadas e valorizadas com a facilitação de mulheres das aldeias. Afinal, a cultura constrói a identidade de um povo e seu sentimento de pertencimento sociocultural no contexto do seu território. E para Jaele Nascimento, professora da Aldeia de Queimadas, a experiência foi gratificante: “Minha experiência foi ótima e maravilhosa. Com certeza momentos como esses são importantes para as crianças indígenas e a metodologia usada desperta o interesse de aprender mais sobre a nossa cultura”.

Ao longo de cinco meses (janeiro a maio), foram realizadas cinco cirandas, com a participação de quase 30 crianças e adolescentes. Para a mãe dos pequenos Pedro Henrique e Santiago, a ciranda contribuiu para que ela participasse de todos os encontros do Projeto.
“Durante as formações, tivemos uma experiência muito boa: as cirandas com as crianças. As mães que estavam participando do curso levavam seus filhos. As mulheres indígenas levam seus filhos aonde vão, porque às vezes não têm com quem deixar. Tendo nas cirandas uma pessoa responsável para trabalhar, fazer brincadeiras, dinâmicas e estudos também, as mulheres tiveram tempo para a formação, sem se preocupar com as crianças. Isso melhorou o nosso desempenho na formação, as nossas crianças se divertiram e participaram também, então as cirandas foram uma metodologia muito rica. Espero que os cursos que venham tragam sempre esse olhar para a mulher indígena e também para sua família. As cirandas foram muito importantes”, diz Juliane Tremembé, da Aldeia da Barra do Mundaú, em Itapipoca.
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