Fomento – vida e esperança no sertão cearense

Famílias agricultoras de Varjota recebem fomento atráves do PDHC

 

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Famílias agricultoras de Varjota recebem fomento atráves do PDHC

 

 

Fomento – vida e esperança no sertão cearense

Texto por Amanda Sampaio com colaboração de Larissa Rodrigues e Danisio Vieira 

Fotos: Larissa Rodrigues e Danisio Vieira

 

Casal de agricultores Rosimeire e Leandro ao lado do aviário construído com o recurso do fomento

 

Com origem no Latim, a palavra fomento tem seus primeiros significados ligados com o ato de “aquecer”, de “alimentar o fogo”. Em português a palavra ganhou o sentido de impulsionar, de incentivar algo. Mas entre o incentivar e o aquecer, podemos dizer que o fomento do qual falaremos aqui alimenta a ideia de impulsionar famílias agricultoras a fortalecer pequenas, porém relevantes, capacidades.

 

O CETRA, por meio do Projeto Dom Helder Câmara (PDHC), realiza assessoria técnica (Ater), de viés agroecológico, à famílias do Sertão Central cearense. Dentre essas famílias, 1060 recebem assessoria através do PDHC.

 

O objetivo do PDHC é contribuir para a redução da pobreza rural e das desigualdades no Semiárido brasileiro, por meio do melhoramento da articulação de políticas de desenvolvimento rural sustentável com abordagem territorial, do acesso da população rural a essas políticas, e do desenho das políticas públicas por meio da replicação de inovações.

 

Dentre as famílias assessoradas, 62 tiveram a oportunidade de receber o chamado fomento, um recurso que vem diretamente para a família agricultora investir na sua área. Para estar apta para receber o fomento a família precisa atender a critérios estipulados pelo Ministério da Cidadania como, por exemplo, estar em vulnerabilidade econômica – em situação de pobreza ou extrema pobreza. Para Emanuel Sousa, coordenador do CETRA no território do Sertão Central, vale destacar a autonomia das famílias para o uso do recurso e também o impacto que gera esse investimento.

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 Agricultora Carliane recebendo visita dos técnicos de campo Danisio Vieira e Larissa Rodrigues

 

“É um incentivo financeiro para desenvolver uma atividade que eles já tem aptidão, é uma possibilidade de uma geração a mais de renda que vai melhorar a qualidade de vida das famílias. E a maioria dos investimentos impacta diretamente no fortalecimento da segurança alimentar e nutricional das famílias agricultoras”, afirma.

 

A partir das atividades que a família já faz se desenvolve o plano de investimento, feito pela família juntamente com a assessoria técnica, com o intuito de orientar o recurso do fomento para que ele seja melhor aproveitado. As famílias agricultoras tem total autonomia para decidir a melhor forma de usar o recurso – que tem o valor total de R$2400 dividido em duas parcelas. Vale ressaltar que a família só recebe a segunda parcela mediante um laudo técnico que atesta que a primeira parcela foi utilizada, em sua maior parte, dentro do previsto no plano de investimento. Para Danisio Vieira, integrante da equipe técnica que acompanha as famílias que receberam o fomento, fazer parte desse trabalho e ver os retornos positivos na vida das famílias é muito gratificante. “Esse fomento do projeto Dom Helder Câmara, segundo os próprios agricultores, foi algo muito diferente. Eu vejo como algo muito positivo, muito gratificante, principalmente pra mim como técnico. Através desse recurso alguns já estão conseguindo ter uma renda extra nesse momento tão difícil de pandemia onde muitos pontos de trabalho foram fechados”, conta o técnico.

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A família do Leandro Nascimento e da Rosimeire Ferreira, da comunidade Olho D’Água dos Trajanos, em Varjota, recebeu o fomento do Projeto Dom Hélder Câmara e relatam que esse incentivo fez uma importante mudança na vida da família. “Pra nós (tá sendo importante) pra gente comprar mais matriz também. Investimos o dinheiro do fomento, construímos mais aviários, comprei ração, bebedouro, comedouro, vacinas… Fora as galinhas, tem canteiro produtivo, coco”, conta o agricultor.

 

A avicultura é atualmente a principal fonte de renda da família, através da venda dos ovos e da carne, o que contribuiu para que durante a pandemia a família não sofresse tanto. “O fomento ajudou muito a gente na parte financeira durante essa pandemia. A comercialização dos ovos e da carne tem sido uma das principais fontes de renda”, afirma Leandro.

A família ressalta também a importância de contar com a assessoria técnica que apoiou os agricultores nas orientações sobre o manejo agroecológico das galinhas e do quintal produtivo da família. “Mudou muito (com a assessoria). De primeiro a gente não sabia cuidar muito bem, mas com a assessoria a gente já sabe os remédios, os tratamentos”, conta Rosa, como também é conhecida a agricultora.

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Outra família que também recebeu o fomento no município de Varjota foi a dos agricultores Carliane Fernandes e Messias Alves, da comunidade Vila Naiara. A família investiu o valor do fomento também no melhoramento do aviário. A agricultora conta que no começo algumas pessoas da comunidade desacreditaram na importância do projeto, mas ela acredita que, assim como foi bom pra família dela, pode ser também para outras famílias agricultoras.

“Quando vem um projeto desses pra gente, a gente abraça de corpo e alma. Muita gente ficou dizendo que não ia dar certo. E tá dando certo pra mim. Por que não vai dar certo pros outros?”, conta a agricultora.

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Carliane conta também que ampliou os conhecimentos na lida com os bichos, na prática de remédios naturais para as galinhas e que também o trabalho, a partir do projeto, foi um fator importante para a sua saúde mental. Outro fator relevante é o aumento da renda da família. “Melhorou bastante. Pra mim melhorou a renda, né. Porque quando a gente não tinha as galinhas pra estar pondo, pra gente vender um ovinho, pra ter um dinheiro pra gente ir ali na Varjota, pagar uma passagem. A gente já conseguiu comprar uma motinha pra gente”, conta.

 

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