Texto e fotos: Thiberio Azevedo

Às seis horas da manhã, as barracas de lona verde já estão todas na Praça da Matriz, no centro de Itapipoca. Os agricultores e agricultoras que formam a Feira Agroecológica e Solidária de Itapipoca chegam entre cinco e cinco e meia da manhã, quinzenalmente, nas quartas-feiras. Retiram seus produtos, cultivados sem agrotóxicos, das bolsas e caixotes, e os põem sobre a barraca.

Antes mesmo de terminarem a montagem das barracas, os clientes começam a chegar. Hoje, às seis horas da manhã, seu Raimundo Patrício e Tiago montavam a parte de cima das barracas, enquanto os outros feirantes vendiam seus produtos. À frente das barracas alguns moradores de Itapipoca se aglomeram e batem papo, enquanto esperam Chico Novo chegar com a goma fresca.

Ele chegou mais tarde hoje, pois seu transporte atrasou. Os que esperavam, fazem questão de abrir a porta do carro, e ajudá-lo a retirar os baldes com a goma e a balança. Chico Novo nem consegue chegar a barraca, põe a balança sobre os dois bancos, e começa a vender sua goma, pro grupo, que naturalmente se organiza entre quem chegou primeiro. Durante toda a manhã essa aglomeração de pessoas se renova ali onde seu Chico Novo vende sua goma.

Há nove anos essas agricultoras e agricultores se apropriam e transformam o espaço onde realizam a feira que já faz parte do cotidiano de muitos moradores de Itapipoca. Pra além da venda, a realização da feira e a aceitação das pessoas significa para os agricultores/as a valorização das práticas agroecológicas no campo.

“Graças a Deus não temos deixado faltar produtos. Todos feitos sem agrotóxicos”, comemora dona Fafá, agricultora da Comunidade Jenipapo. Ela se refere às dificuldades devido aos três anos de estiagem. “Eles tem adotado estratégias para permanecer na feira. Não é fácil, mas os agricultores estão resistindo”, afirma Sérgio Veríssimo, técnico do Cetra, que tem acompanhado os/as agricultores/as.