Nossa História
Em 2022, o CETRA chegou aos seus 41 anos reafirmando os mesmos valores e lutas de 1981, quando foi criado oficialmente. Nossa história é baseada em resistência, assistência e amparo a quem sofre com as repressões da guerra pela terra. Aliados à agroecologia, tecemos esperança num bem viver no campo e na cidade, num bem viver igualitário e democrático. Continuamos escrevendo nossa história junto a agricultores e agricultoras familiares, a comunidades tradicionais, indígenas e quilombolas, a movimentos sociais, a trabalhadores rurais e à juventude. Você também pode fazer parte dessa história escrita por muitas mãos, vem com a gente!
Linha do Tempo
Linhas do tempo permitem utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico e social, utilizando diferentes linguagens para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos. Também permitem valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e entender as relações do mundo, do exercício da cidadania e do nosso projeto de vida. Construir uma linha do tempo é conhecer-se, apreciar-se e exercitar a empatia, o diálogo e a compreensão dos fatos que marcaram a nossa vida e a vida de tantas pessoas que construíram conosco esta história. A linha do tempo do CETRA começa em meados dos anos 80 e você também pode fazer parte dessa linda história de luta e resistência! É só segurar nossa mão, que não te soltaremos mais!
Assessoria jurídica às/aos trabalhadoras/es rurais para acesso à terra.
Assessoria à Pastoral da Terra, sindicatos rurais e urbanos.
Primeira desapropriação de terra no Ceará para agricultoras/es - Cada desapropriação de terras era motivo de fortalecimento da luta de agricultoras/es pelo acesso à terra.
Lançamento, no Ceará, da Campanha Nacional pela Reforma Agrária, tendo o CETRA como um dos principais mobilizadores.
Campanha Nacional – Não à Violência no Campo. A partir desse momento, as ONGs e movimentos sindicais de luta pela terra começaram a sair do anonimato.
Organização do Coletivo de Mulheres no Ceará, que passou a funcionar como o Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais do Nordeste.
Parceria com Conselho Indigenista Missionário (CIMI) no resgate étnico do povo indígena Tremembé, de Almofala.
Nova identidade institucional - O CETRA torna-se uma entidade de desenvolvimento solidário, com base na formação, organização sócio-produtiva, educação política e capacitação técnica junto aos trabalhadores e às trabalhadoras, além de dar continuidade à assessoria jurídica.
Desde os anos 80, o CETRA atuava em diversas regiões do Ceará e, a partir de 1995, foi redefinindo sua área de atuação de assessoria em assentamentos na região de Itapipoca.
Fortalecimento do trabalho com mulheres trabalhadoras rurais, através do Programa Mulher & Cidadania, discutindo saúde, geração de renda, gênero, políticas públicas e direitos das mulheres.
Atividades de formação política com jovens rurais, realizando discussões em torno da geração de renda, educação, saúde e organização comunitária.
Ampliação da equipe técnica interdisciplinar nas áreas social e agronômica, numa nova concepção de assessoria técnica voltada para a agroecologia, através do Projeto Lumiar.
Campanha "Nenhuma Mulher Trabalhadora Rural Sem Documentos".
Programas de Renda e Capacitação para o desenvolvimento rural realizado em todo o Nordeste, em parceria com outras ONGs e financiados pela Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).
Fundação da primeira Cooperativa de Crédito Rural no Estado do Ceará - COCREDI.
Traçando novos caminhos em busca de sua sustentabilidade e na construção do desenvolvimento rural sustentável e solidário, inicia uma nova estratégia de atuação institucional através dos eixos terra, água e agroecologia, socioeconomia solidária, educação ambiental e gênero e cidadania.
Lançamento de quatro livros: “Terra feita de gente: uma história de emancipação social no Ceará”, publicado pelo CETRA, “Ceará no feminino: as condições de vida da mulher na zona rural”, em parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC), “A Auditoria social e a economia solidária” e “Socioeconomia solidária: um outro olhar um novo fazer”, ambos em parceria com o Instituto Florestan Fernandes.
Fortalecimento das articulações em redes e parcerias com organizações da sociedade civil organizada em nível local e nacional, com cooperação internacional e de instituições governamentais. Representação política em espaços de conselhos, fóruns e redes.
Conquista da certificação de Entidade Beneficente de Assistência Social concedida pelo Conselho Nacional de Assistência Social.
Realização do Seminário Internacional de Socioeconomia Solidária do Ceará.
Comemoração dos 25 anos do CETRA, momento celebrado com a criação da Medalha Manoel Veríssimo, que homenageia pessoas e instituições que se destacaram na luta pelos direitos dos povos do campo nas últimas décadas. A medalha é alusiva ao trabalhador rural Manoel Veríssimo, que morava na comunidade Vieira dos Carlos em Trairi e que foi assassinado junto a dois de seus filhos, na luta pela terra.
Apoio à Fundação da Cooperativa de Crédito Rural do Sertão Central - COCRESCE.
Prêmio Itaú Social – Categoria Educação.
Inauguração da sede própria do CETRA, em Fortaleza.
Sessão solene na Assembleia Legislativa do Ceará em celebração aos 30 anos do CETRA.
Prêmio Von Martius de Sustentabilidade - Promoção do desenvolvimento econômico, social e cultural com respeito ao ambiental e Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia social - Quintais para a vida.
O CETRA fortalece e demarca suas ações pautadas na agroecologia e na convivência com o Semiárido, trabalhando a partir de quatro eixos temáticos: terra, água e agroecologia; ação e educação ambiental; gênero e cidadania e socioeconomia solidária, além de ações de desenvolvimento institucional e comunicação social.
Chamada pública da ATER agroecológica com a execução em três territórios: Vales do Curu e Aracatiaçu, Baturité e Sertão Central - Fortalecimento de experiências da agricultura familiar agroecológica.
Conversa de Quintal.
Celebração de 40 anos do CETRA.
Realização de caravanas e encontros territoriais de agroecologia e socioeconomia solidária e comemoração do X ETA, em Itapipoca.
Fortalecimento das ações de Ater e estreitamento das relações com as juventudes e povos indígenas a partir dos projetos Juventude Comunica e Ação Tremembé.
Participação na EXPO Milão - Seminário de Agroecologia.
Ampliação do debate agroecológico e de mercados solidários, estreitando a relação campo-cidade por meio da realização da Feira Agroecológica e Solidária de Fortaleza.
Ampliação da ação de assessoria técnica e das relações territoriais com a execução do Projeto Paulo Freire - Relação FIDA.
Protagonismo de mulheres rurais e camponesas no processo de comercialização solidária em feiras agroecológicas e fortalecimento da assessoria técnica junto às mulheres dos territórios do Sertão Central e de Sobral com o uso das Cadernetas Agroecológicas.
Ampliação da sustentabilidade ambiental com o projeto "FlorestAção" no Território Vale do Curu Litoral Oeste.
Fortalecimento da relação com a Cooperação Sul Sul, a partir do projeto Saberes do Semiárido, com realização de intercâmbio internacional com a plataforma Semiáridos da América Latina.
Constituição de espaço físico de comercialização solidária no território de Sobral - Quiosque Agroecológico.
Fortalecimento das relações de parceria com a Rede Ater Nordeste de Agroecologia e reflexões sobre as metodologias de assessoria agroecológica por meio do método LUME - Avaliação Econômico-Ecológico de Agroecossistemas.
História do Cetra
Tecendo histórias de resistência, transformação e justiça social no Nordeste do Brasil
O Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria ao Trabalhador e à Trabalhadora – CETRA é uma Organização da Sociedade Civil (OSC) com atuação no estado do Ceará, Nordeste do Brasil. Sua trajetória está enraizada nas lutas e resistências do “Brasil real”, o “Brasil do povo” reverenciado pelo mestre Ariano Suassuna.
Sua história evidencia a brutal dívida do país com agricultores/as, quilombolas, povos indígenas e demais comunidades tradicionais em relação ao acesso à terra de plantar e de viver e, ao mesmo tempo, conta a história da resistência, da mobilização social, da organização política e do protagonismo de mulheres e homens na luta para garantir seus direitos. Em sintonia com as mudanças ocorridas no campo e com as novas demandas da sociedade, o CETRA completou, em 2022, 41 anos de existência afirmando a missão de contribuir para o bem viver no campo e na cidade através da agroecologia e convivência com o semiárido, tendo a solidariedade, a universalização dos direitos humanos e a proteção e conservação do meio ambiente como princípios na construção de uma sociedade justa, democrática, livre e igualitária.
Assessoria Jurídica e luta pela terra
Criado oficialmente em 30 de dezembro de 1981, no estado do Ceará, o CETRA tem como base o trabalho que já se desenvolvia desde 1978 pelo advogado Antônio Pinheiro Freitas, conhecido por Dr. Pinheiro, e a assistente social Margarida Pinheiro, ambos militantes das lutas operárias. A convite do Padre Moacir Cordeiro Leite, então vigário de Aratuba (CE), o advogado passou a prestar assistência jurídica a trabalhadores/as rurais que se organizavam em suas comunidades em torno da luta pela posse da terra.
Naquele período, o trabalho consistia na assistência jurídica e social, que incluía processos de formação política com trabalhadores/as rurais através de cursos, encontros, grupos de estudo, reuniões e publicações básicas, práticas embrionárias de uma metodologia a ser desenvolvida ao longo da história institucional.
O processo de apoio às comunidades rurais foi se expandindo na mesma velocidade em que explodia a violência, a pobreza, a concentração agrária e as denúncias de expropriação de trabalhadores/as no campo.
Serra, sertão e litoral
A ação, que partiu de Aratuba (CE), se expandiu para o Maciço de Baturité e seu entorno, chegando ao Sertão Central e atingindo as comunidades dos municípios de Quixadá e Quixeramobim, movimento que acompanhava as ações e eventos das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs).
Em 1978, em Quixadá, a Fazenda Monte Castelo foi palco de um acirrado e violento conflito de agricultores/as contra proprietários e a polícia armada. Essa ação culminou na desapropriação da terra por interesse social pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), dando visibilidade à assessoria jurídica no apoio à luta pela terra no Ceará e sendo um marco para a fundação do CETRA.
Do Sertão Central, essa assessoria seguiu na direção da serra da Ibiapaba, aportou em Tianguá, Viçosa, Ibiapina e seguiu para Camocim, nas comunidades costeiras de Guriú, Mangue Seco e Quebra Braço, onde realizou ações de formação com estímulo à organização social, mobilizando famílias das comunidades citadas.
Foi nesse movimento que, em 1982, o CETRA aportou em Itapipoca, a convite do então bispo diocesano Dom Paulo Ponte, para assessorar os movimentos pastorais e comunitários através da diocese. Ali já havia uma forte mobilização de trabalhadores/as rurais em diversas comunidades em torno da luta pela conquista da terra, com destaque para as comunidades costeiras da região, como Sabiaguaba, em Amontada, Várzea do Mundaú, em Trairi, e Maceió, em Itapipoca.
A área compreendida pelas terras do Maceió, formada por 12 comunidades, se destacaria pela forte articulação entre moradoras/es, tornando-se uma referência na luta por reforma agrária, em razão da organização social e política. Ao ser desapropriada pelo INCRA, recebeu o nome de Assentamento Maceió. Foi ali que se elegeu o primeiro vereador trabalhador rural do Ceará, na década de 1980.
Era tempo de ditadura militar e a sociedade civil se organizava em torno da luta pela redemocratização do país, por liberdade e por justiça no campo e na cidade. Pelas ruas, os movimentos populares, tais como o estudantil e operário-sindical, juntamente com os movimentos da Ação Católica, Ação Pastoral (AP) e as CEBs, enfrentavam, em marcha, a repressão, e fortaleceram sua organização diante das injustiças e das arbitrariedades impostas pelo regime militar. As lutas organizadas surgiam enfrentando a opressão e a força dos donos do poder (terra e meios de produção).
“Pra mudar a sociedade,
do jeito que a gente quer,
participando sem medo de ser mulher (…)”
Música: Sem medo de ser mulher. Zé Pinto
As mulheres estão na vanguarda dos movimentos de luta pela terra. Elas abriram um caminho tortuoso, mas repleto de avanços para as novas gerações. Em meio às questões do campo e alinhado às demandas das mulheres, o CETRA iniciou um trabalho mais sistemático de apoio à organização das mulheres trabalhadoras rurais, de onde surgiram lideranças femininas com destaque em nível estadual e nacional. A atuação de Margarida Pinheiro ao lado de outras aguerridas desempenha um papel fundamental no processo de mobilização e organização política das trabalhadoras rurais. A articulação em nível regional cearense e regional Nordeste deu origem ao Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste (MMTR-Ne), tendo o CETRA como contribuinte em todo o processo desse movimento. Margarida representa muito para as novas gerações de mulheres atuantes nas ações políticas de assessoria técnica, comunicação social e financeira e gestão institucional, espaços tradicionalmente masculinos. A dimensão de gênero vai constituindo e subvertendo as ações e os projetos desenvolvidos pelo CETRA.
Da assessoria jurídica à assessoria técnica e social: novos desafios no mundo rural
Nos anos de 1990, acompanhando as conquistas e as novas demandas do mundo rural, o CETRA passa a desenvolver assessoria técnica e social junto às famílias agricultoras, atuando, prioritariamente, na região de Itapipoca e redefinindo sua estratégia de ação para a melhoria da qualidade de vida das famílias assistidas na terra conquistada.
“É no semiárido que a vida pulsa, é no semiárido que o povo resiste!”
O ano de 2000 marca uma nova fase institucional, quando o CETRA passa a compor a Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), trazendo uma nova perspectiva para compreender a região para além das questões climáticas. No mesmo período, a entidade marca seu retorno ao Sertão Central, através de celebração de convênio para a realização de ações do Projeto Dom Helder Câmara (PDHC), que prestou acompanhamento técnico através da Assistência Técnica de Extensão Rural (ATER) nos municípios cearenses Banabuiu, Choró, Deputado Irapuã Pinheiro, Quixadá, Quixeramobim, Senador Pompeu, Solonópole e Varjota.
Na época, as entidades articuladas à ASA aprofundaram as discussões e reflexões acerca da realidade do sertão nordestino, propondo novas estratégias e intervenções e incidindo em novas políticas públicas para a região do Semiárido. A implantação de tecnologias sociais de captação de água da chuva (cisternas) começou a transformar a paisagem e a vida das famílias.
Agroecologia para produzir, viver e transformar
Por volta do ano de 2002, a temática da agroecologia e convivência com o Semiárido passa a nortear todas as ações desenvolvidas pelo CETRA, em um contexto marcado pela reestruturação das políticas públicas voltadas para a agricultura familiar pelo Estado brasileiro. Neste momento, a articulação institucional, os diálogos e as formações proporcionados pela Rede Ater Nordeste (ATER-NE) imprimem na metodologia institucional a compreensão de Assessoria Técnica e Extensão Rural (ATER) na perspectiva agroecológica, bem como a formação de multiplicadores/as e o fomento das redes territoriais de agroecologia.
A luta dos povos do Semiárido se soma à construção de outra agricultura, na perspectiva agroecológica, unindo conhecimento científico a saberes e práticas tradicionais. Começa a se desenvolver um movimento de compreensão mais profundo sobre a realidade ambiental e sobre a relação das pessoas com o clima e os agroecossistemas.
É desse mesmo período que destaca-se, nos territórios Vale do Curu e Aracatiaçu/Litoral Oeste e Sertão Central do Ceará, uma assessoria técnica diferenciada de base agroecológica, com foco no processo de organização social, produtiva e ambiental e na inclusão de gênero e etnia, com implantação de quintais produtivos e tecnologias de convivência com o Semiárido, geração de renda a partir do acesso a fomentos e promoção do desenvolvimento local, incluindo o fortalecimento do cooperativismo de crédito, as feiras agroecológicas e solidárias e a adoção do Fundo Rotativo Agroecológico Solidário (FRAS).
A partir do ano 2010, a entidade estende sua ação para os territórios Maciço de Baturité, Sertões de Canindé e, mais recentemente, Sobral, ampliando suas ações em comunidades de remanescentes de quilombos nesses territórios. Neste mesmo período, o CETRA passa a executar a primeira chamada pública de ATER para Mulheres, imprimindo uma nova dinâmica nas ações com recorte para mulheres rurais.
A dimensão ambiental conduz os processos de formação de multiplicadores/as em agroflorestas, com a implantação de Sistemas Agroflorestais com vistas à reconversão produtiva e recuperação de áreas degradadas ou em processo de degradação, assim como áreas de conservação da vegetação natural em agroecossistemas familiares e comunidades rurais e indígenas, através do Projeto FlorestAção, que, com patrocínio da Petrobrás Ambiental, contribuiu para a ampliação da sustentabilidade ambiental nos agroecossistemas familiares e em comunidades rurais. Em 2014, destacou-se em projetos da ATER de Agroecologia em três territórios: Vales do Curu e Aracatiaçu/Litoral Oeste, Sertão Central e Maciço de Baturité, realizando o acompanhamento de mais de 1.600 famílias agricultoras.
Ações que transformam vidas no semiárido
Entre os anos de 2015 e 2021, o CETRA fortaleceu ainda mais a sua ação com assessoria técnica e extensão rural, atendendo, por meio do Projeto Paulo Freire, que, em parceria com a Secretaria do Desenvolvimento Agrário do Ceará (SDA) e com o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), prestou assessoria técnica contínua voltada para comunidades e organizações produtivas da agricultura familiar em condições de pobreza ou extrema pobreza. Mais de 6.600 famílias agricultoras e quilombolas, juventudes e mulheres do campo, residentes em cerca de 100 comunidades de 16 municípios do território de Sobral foram auxiliadas.
O trabalho com as juventudes no CETRA tem se fortalecido ao longo dos anos. Desde o ano de 2002, diversas ações voltadas ao protagonismo das juventudes no meio rural são realizadas, conduzindo reflexões de temáticas focadas em saúde, educação, meio ambiente, relações de gênero, comunicação, geração e produção. Destacam-se os projetos Jovens e Adolescentes Rurais rompendo Mitos e Tabus na prevenção das DST/AIDS (2002 a 2004), Projeto Jovem (2005 a 2007), Escola da Terra (2006) e Escola de Fábrica – Agroecologia: modo de produção e vida (2007), desenvolvidos com metodologias participativas. A partir dessas experiências, o CETRA inicia, em 2010, uma nova fase de atuação na perspectiva de “(Re)construir novos olhares das juventudes para o meio rural”, realizando ações de fortalecimento das identidades e seus territórios do campo, das águas e das florestas. Os Projetos Terra Viva – Um novo Olhar da Juventude para o meio Rural (2010/2011) e Juventude Comunica Direitos (2015 a 2017) são respostas às novas pautas das juventudes rurais que, articuladas a diversas outras ações coletivas, assumem o protagonismo na desconstrução de paradigmas ainda sustentados de uma sociedade patriarcal e homofóbica.
Esperançar a vida
O CETRA chegou aos seus 41 anos (2022) reafirmando o compromisso que assumiu no final da década de 1970, quando militantes políticos com atuação em movimentos sociais urbanos e rurais se uniram em defesa da democracia, dos direitos da classe trabalhadora e das/os agricultoras/es. De lá para cá, muitas foram as conquistas, os avanços e as ameaças de retrocesso, mas foi preciso conjugar o verbo “esperançar”, como nos ensinou Paulo Freire: ir atrás, lutar, não desistir. Esperançar para construir outra realidade, outras relações, um outro mundo.
Esperançar se materializa no alimento saudável produzido pelas mãos de agricultoras e agricultores que chegam à mesa das/os brasileiras/os, na segurança alimentar e nutricional das famílias, na água de beber, no aumento da renda, na preservação e conservação da agrobiodiversidade. Esperançar está no protagonismo das mulheres, na ação revolucionária das juventudes, ressignificando o rural como espaço de vida. Esperançar na defesa do saber ancestral dos povos originários e na defesa de seus territórios. Esperançar está na rede de agricultoras/es agroecológicas/os e solidárias/os dos territórios do Vales do Curu e Aracatiaçu, Sertão Central e Sobral; está nas manhãs da Feira Agroecológica e Solidária de Itapipoca, que completou 17 anos em 2022 e que, a partir de sua experiência, multiplicou-se na formação de outras feiras e originou a Rede de Feiras Agroecológicas e Solidárias do Ceará, reunindo feiras de três territórios de atuação institucional; está na comunicação popular que visibiliza as experiências narradas em primeira pessoa dos povos do campo, das florestas e das águas; está na defesa da democracia e na construção cotidiana de uma sociedade justa, democrática, livre e igualitária.
Continuamos, de mãos dadas, esperançando!