Biodigestor – Inovações tecnológicas que transformam vidas no Semiárido brasileiro

Biodigestor – Inovações tecnológicas que transformam vidas no Semiárido brasileiro

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Biodigestor – Inovações tecnológicas que transformam vidas no Semiárido brasileiro

 

Biodigestor – Inovações tecnológicas que transformam vidas no Semiárido brasileiro

 

Família de Vanderlei e Márcia recebendo um intercâmbio de experiência durante o I Encontro Estadual de Agroecologia 

 

Texto e fotos por Francisco Barbosa

 

“Desde 2017, que foi o ano que chegou o projeto de biodigestor aqui em casa que eu não sei o que é comprar um botijão de gás”. Quem afirma é o agricultor Vanderlei Alves Pereira, 38, morador da Comunidade Casa Forte, no município de Sobral. Sua família foi uma das primeiras a receber a tecnologia social. De acordo com Mário Farias Júnior, coordenador territorial do CETRA em Sobral, foram construídos, nos agroecossistemas das famílias assessoradas pelo CETRA na região, 27 unidades de biodigestores com campânula (local onde fica armazenado o gás metano) de três mil litros, financiados pela Empresa BENTO 50 AB e parceiros Suecos, e com recursos em conta para a implementação de mais 10 unidades. Já foram construídas duas unidades de biodigestores com campânula de um mil litros, financiados pelo Projeto Paulo Freire, com recursos garantidos para a construção de pelo menos 1.800 unidades.

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Curso de construção de biodigestor em Senador Sá através do projeto Paulo Freire 

 

Logo no começo, quando surgiu a oportunidade da família conseguir o biodigestor, a agricultora Márcia Maria Montes da Silva, 37, companheira de Vanderlei, duvidou da novidade. “Desde o começo, o Vanderlei disse que queria o biodigestor, mas eu fiquei em dúvida. Eu me lembro que disse: ‘Vaila, e isso ai vai dar certo mesmo? Eu só acredito vendo!’. Aí, quando construíram e a gente viu que deu certo, ele falou: ‘Tá vendo? Agora tu acredita? Pode colocar a mão pra ver se o fogo é de verdade’”, disse, enquanto ria da lembrança, mas hoje ela consegue enxergar as melhorias trazidas pela tecnologia. “O biogás chegou através do CETRA e desde então vem mudando a nossa vida. Não temos mais a preocupação de acender o fogo e ficar com medo do gás acabar, ou cozinhar rápido pra economizar o gás. Só em a gente não precisar mais comprar botijão de gás… O dinheiro que a gente gastaria para comprar o botijão de gás já serve para comprar outras coisas”, afirma.

 

Biodigestor

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Biodigestor da família de Vanderlei e Márcia

 

O biodigestor consiste em uma tecnologia social que possibilita a decomposição de matéria orgânica (fezes de animais) produzindo biogás e biofertilizante de alta qualidade. A sua estrutura é composta por: Um “alimentador” onde as fezes frescas são depositadas, de lá elas descem por gravidade através de uma tubulação até chegar a uma caixa de cimento onde é depositado água para diluir o esterco. De lá, segue para outro espaço onde há uma caixa plástica que fica sobre o material orgânico. Esse espaço consiste num ambiente hermeticamente fechado na qual permite acelerar a decomposição do esterco gerando gás carbônico e metano. Os gases são captados por um filtro feito de um garrafão de água de 20 litros e, por meio de um tubo seguem direto para a boca do fogão de casa.

 

A digestão anaeróbica, que consiste num processo de decomposição de matéria orgânica por bactérias em um meio onde não há a presença de oxigênio, é o princípio ativo do biodigestor. De acordo com Mário Farias, o projeto tem vários aspectos positivos nos agroecossistemas e na vida das famílias agricultoras do Semiárido brasileiro, nas quais ele lista: Minimização de emissão de gases de efeito estufa, a partir da coleta das fezes de animas expostas de forma aeróbica no ambiente, e utilizada para produção de Metano; Produção de dois tipos de adubos orgânicos, um solido e um líquido; Geração indireta de renda, uma vez que as famílias não mais precisarão comprar botijão de gás; A inalação de fumaça, pela emissão da queima de lenha, provoca doenças respiratórias na família, e o uso do biogás não produz fumaça, contribuindo assim para a melhoria da saúde familiar; A cinza que gruda na parede dos domicílios, também provocados pela queima de lenha, deixa o ambiente escuro e com aspecto sujo. O uso do Biogás contribui para melhor ambientação domiciliar; As fezes acumuladas nos locais de guarda dos animais desencadeiam vários tipos de doenças, como, verminose, mosca do chifre e outras. A coleta das fezes para uso no biodigestor contribui para a sanidade animal; O uso do biogás diminui a pressão no bioma Caatinga e outros, uma vez que as famílias não precisam coletar lenha para o preparo dos alimentos, contribuindo assim com a conservação dos mesmos.

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