Povo Tremembé da Barra do Mundaú, em Itapipoca (CE) realiza a X Festa do Murici e do Batiputá de 8 a 12 de janeiro
Texto: Francisco Barbosa
Fotos: Francisco Barbosa
A terra, para o povo indígena, é muito mais do que um pedaço de chão. O local onde nascem e crescem é sagrado. É dela de onde tiram seus alimentos, onde contém suas histórias e onde se encontram locais importantes de suas crenças. O povo Tremembé da Barra do Mundaú, terra indígena localizada a 55 km de Itapipoca anualmente celebra as suas terras e os alimentos que vêm dela com a realização da Festa do Murici e do Batiputá que esse ano chega a sua décima edição. O Evento acontece de 8 a 12 de janeiro.
A Festa, que já é tradicional do povo Tremembé, celebra a colheita da fruta murici e da semente batiputá. Do murici é feito aluá, doce e suco. Já do batiputá é extraído óleo que serve tanto para preparar alimentos como para fins medicinais no combate à dor reumática, gripe, gastrite e inflamações. A programação conta com momentos de colheita das frutas, exposição de artesanatos e culinária para comercialização; momentos de cura por meio de rituais e limpeza de corpo e espirito; atrações artísticas e culturais e; competições em diversas modalidades esportivas indígenas.
O Evento, além de festejar o Murici e o Batiputá, é também um momento de luta. E o povo Tremembé da Barra do Mundaú sempre traz como pauta principal a luta constante da população indígena por demarcação de suas terras. Em um de seus primeiros atos, o presidente eleito, Jair Bolsonaro retirou da Fundação Nacional do Índio – Funai a função de identificar, delimitar e demarcar as terras indígenas, que agora fica a cargo do Ministério da Agricultura. Isso significa que agora, as demarcações de terras indígenas ficam nas mãos de ruralistas, adversários dos interesses indígenas em vários estados brasileiros. O povo Tremembé da Barra do Mundaú repudia tal mudança e, assim como outras etnias, também está na luta para garantir a volta da Funai no que diz respeito a garantia pelo direito a terra.
Ação Tremembé
Além dessas atividades, este ano a Festa traz duas novidades. No dia 8 de janeiro, a partir das 19h, acontecerá a inauguração da Oca Digital Indígena Iandê, construída a partir das ações desenvolvidas pelo CETRA, por meio do projeto Ação Tremembé, que tem financiamento da União Europeia.
No mesmo dia, também acontece a abertura da Exposição Fotográfica “Iandé Á’tã Joaju – Juntos Somos Fortes”, do fotógrafo Marcos Vieira. A exposição fotográfica tem como objetivo retratar parte da cultura, arte e as faces das crianças, jovens, adultos e troncos velhos dos Tremembé da Barra do Mundaú. A ação é uma parceria entre Marcos Vieira; o Povo Tremembé da Barra do Mundaú; CETRA, por meio do Projeto Ação Tremembé; União Europeia e; Governo do Estado do Ceará, através da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA).
Desde 2016, o Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria ao Trabalhador – CETRA realiza o projeto Ação Tremembé, que conta com o financiamento da União Europeia. O projeto apoia a defesa e proteção dos direitos humanos do povo Tremembé da Barra do Mundaú, por meio do fortalecimento de conhecimentos, meios de ação e capacidades de articulação, diálogo, visibilidade e incidência política das índias e dos índios e de suas organizações.
O projeto também desenvolve a campanha Iandé Á’tã Joaju – Juntos Somos Fortes que tem o intuito de visibilizar a luta das/dos Tremembé da Barra do Mundaú pela demarcação de seu território que é uma das pautas da Festa do Murici e do Batiputá que reafirmar a resistência das índias e índios Tremembé na luta pela Demarcação de sua Terra e efetivação de seus direitos
Programação da X Festa do Murici e do Batiputá
8 de janeiro
Manhã: Colheita coletiva do murici na mata, a partir das 4 horas da manhã; Caça e Pesca.
Tarde: Modalidades e competições indígenas; oficina de pinturas corporais.
Noite: Terreiro Cultural: Espiritualidade indígena e pajelança; Inauguração Oca Iandê e Exposição fotográfica.
9 de janeiro
Manhã: Colheita coletiva do murici na mata, a partir das 4 horas da manhã; Caça e pesca.
Tarde: Oficina de pinturas corporais; trilha na camboa com histórias e vivências; pesca do caranguejo.
Noite: Terreiro Cultural: Apresentações culturais (Aldeias São José e Munguba)
10 de janeiro
Manhã: Colheita coletiva do batiputá na mata, a partir das 4 horas da manhã.
Tarde: Trilha Ecológica para retomada da Barra; momento de espiritualidade.
Noite: Terreiro Cultural: Apresentações culturais (Aldeias Buriti do Meio e Buriti de Baixo).
11 de janeiro
Manha: Colheita coletiva do batiputá na mata, a partir das 4 horas da manhã; Ritual de batismo sagrado;
Tarde: Caça e Pesca;
Noite: Terreiro Cultural: Show de talentos e apresentações culturais artísticas.
12 de janeiro
8h – Abertura com ritual de limpeza e purificação.
8h30 – Fala das Lideranças.
9h – Apresentação cultural de crianças.
10h – Início das modalidades indígenas e exposição da feira cultural.
13h30 – Apresentação de visitantes e apoiadores.
14h – Apresentações culturais das aldeias.
15h – Desfile de Curumim e Cunhatã dos Aldeamentos
15h30 – Reisado de curumins
16h – Encerramento
Serviço
Evento: X Festa do Murici e do Batiputá
Período: 8 a 12 de janeiro
Local: Aldeias Tremembé da Barra do Mundaú – Itapipoca – Ce